A FIDELIDADE DO SENHOR
PARTE V
Logo após nossa volta a minha
filha mais velha contraiu uma coqueluche que se arrastou por três meses, a segunda
filha contraiu uma infecção intestinal, talvez devido ao leite em pó mal
batido durante a viagem e logo em seguida desenvolveu bronquite asmática o que
nos entristecia e preocupava.
Nesta época eu havia
saído da empresa de pneus e tentava pela primeira vez inaugurar um negócio
próprio; um aviário, não deu certo, durante este período um dos meus irmãos
veio morar conosco, agora éramos duas crianças e três adultos dentro de uma
casa pequena - quarto, sala, cozinha e banheiro - que não estava preparada para
isto, neste período a minha esposa engravidou pela terceira vez, foi um período
difícil pois não tínhamos dinheiro pra nada, nem mesmo pré-natal ela pôde
fazer, o aviário ia de mal a pior, fui obrigado pela situação a pedir ao meu
irmão para morar em outro lugar, ele foi então morar na casa de uma prima
nossa, até que decidiu voltar para Campina Grande. Onde mora até hoje. Lá ele
casou, tornou-se pai de uma linda menina, mas infelizmente seu casamento não
deu certo ele acabou por separar-se de sua esposa. Que pena!
Um belo dia dois colegas que trabalhavam comigo na
empresa de pneus apareceram em casa, dizendo que talvez eu pudesse voltar para
a empresa, assim como quem não quer, mas querendo, apareci lá. E conversando com
o meu ex-patrão, acertei minha volta, e assim foi. Daí em diante tudo começou a
mudar pra melhor, fizemos logo uma ultrassonografia e descobrimos que ao
contrário do que todos diziam, seríamos pais de outra menina, o engraçado
é que estávamos comprando tudo -
algumas poucas coisas - como se fosse para menino, mas ao realizarmos o exame e
com o resultado em mãos saímos da clínica e na mesma hora compramos tudo - algumas poucas coisas - para
menina, assim, no dia onze de novembro de dois mil e um, nasceu a caçula,
encerrando assim com chave de ouro o nosso desejo de mais filhos. Ela nasceu
linda, uma soma da beleza da filha mais velha com a filha do meio, ela era
comprida, foi de fato um gran-finale.
Três filhas lindas, uma mulher maravilhosa e virtuosa,
Deus faz com que o solitário viva em família.
Uma linda família.
**********************************
Depois disso saí outra vez da empresa de pneus, ressalto
aqui que eu não era uma má pessoa, mas, influenciado por maus conselhos agi de
modo desonroso para com meus patrões, lesando-os sempre que possível,
acreditando estar me dando bem, decidi sair antes de qualquer coisa dar errada,
ou ter descobertas minhas fraudes.
Deus sempre me paquerou,
nesta empresa ganhei e li todo o livro "O MAIS IMPORTANTE É O AMOR", isto
um pouco antes de me decidir por sair, passei então por outro período de
desemprego, cinco meses exatamente, estes meses foram dificílimos, eu
até conseguia um emprego aqui, outro ali, mas nada me satisfazia, então
consegui numa recauchutadora de pneus, eu fazia uma rota de trabalho que era
fraquíssima, ao fim da rota totalmente desanimado e desmotivado, ia com o
caminhão para a beira da praia do Grumarí, e lá ficava pensando na vida e nas
dificuldades e também numa provável solução.
Ao recolher o caminhão
para a garagem, por varias vezes eu vinha pela Estrada dos Bandeirantes em
Jacarepaguá, contando os postes procurando um onde pudesse jogar o caminhão, de
maneira a provocar minha morte. é isto mesmo, eu era levado a pensar em
suicídio, pois eu achava que com o dinheiro do seguro de vida que tinha, a minha
esposa poderia resolver todos os problemas da família, o amor de Deus por mim
não me desamparou, e isto saiu da minha cabeça. Saí da recauchutadora.
Noutro momento, lendo o jornal encontrei um anuncio
que mandava ler o Salmo vinte sete, três vezes por dia, durante três dias, e
depois mandar publicar por três dias seguidos no jornal em agradecimento, assim
fiz e logo encontrei outro anuncio para emprego, fui trabalhar numa empresa de
entregas de refrigerante, lá eu entrava no serviço as seis da manhã e não tinha
horas pra sair, um belo dia eu já não mais aguentando o peso da responsabilidade
afinal eu tinha uma família sustentar, resolvi falar ou desabafar pra Deus os
meus desejos e lembro que caminhando pela rua indo para o trabalho falei
exatamente assim: “Meu Deus, eu só queria
ter minha dignidade de volta e poder dar para minha família tudo o que sempre
dei; escola e médico particular e também alimentação” eu lembro exatamente
o que falei, o local em que me encontrava durante esta conversa, até hoje,
sempre que passo em frente aquela casa é fácil lembrar.
A minha esposa neste período foi com sua mãe
até o colégio onde as duas meninas mais velhas estudavam, faltavam apenas
três meses para o final do ano letivo, para pedir como bolsa de estudos este
restante de ano, a fim de que elas não perdessem o ano letivo, o diretor
negou-nos o pedido, e ainda as humilhou com suas palavras, lembro da imagem da minha
esposa chegando em casa chorando e muito abalada.
Quinze dias depois
daquele meu desabafo, numa segunda-feira chegou um telegrama em casa, com um
numero de telefone para eu ligar, na terça-feira nem fui trabalhar, logo cedo
liguei para saber do que se tratava e a moça que me atendeu me disse que
era a respeito de emprego para início imediato, e se eu estava
interessado? é claro que estou interessado,
disse. Ela me passou o endereço - Rua Maturá, quatrocentos e onze em Acari
- e o horário em que deveria comparecer, treze horas, lá chegando fiz o
teste psicotécnico, o teórico, lembro que era uma só vaga apenas e havíamos
dois candidatos, na hora de fazer o teste prático fui encaminhado ao setor de
transportes, lá designaram um rapaz que não era o responsável direto, para fazer
o teste conosco, o interessante é que este rapaz me conhecia da época que
trabalhava na empresa de pneus, ele me aprovou no teste, fui então encaminhado
ao RH para acertos finais da contratação, lá descobri o que acontecera, depois
da entrevista pedi licença para uma pergunta, então perguntei como eles haviam
me localizado já que eu não havia posto nenhum currículo, nem mesmo conhecia
ninguém da empresa, era a Yolat, que depois virou Parmalat do Brasil, a
entrevistadora me respondeu que localizaram meu currículo na fabrica da
Coca-cola que ficava em Nova Iguaçu, o único lugar onde havia colocado meu
currículo, no mesmo instante da resposta daquela moça, eu ouvi no meu coração de
uma forma muito real, uma voz que dizia: “estou te dando o que você me pediu”, entendi e lembrei daquele meu
clamor, “Meu Deus, eu só queria ter minha
dignidade de volta e poder dar para minha família tudo o que sempre dei; escola
e médico particular e também alimentação”. Deus seja Louvado!
Voltei pra casa naquele dia depois daquela entrevista,
com o coração vibrando de alegria, contei para minha esposa entre lagrimas tudo
que havia acontecido, comecei a trabalhar na Parmalat em agosto de mil
novecentos e noventa e cinco, eu trabalhei por três anos e sete meses na
Parmalat, lá eu pude continuar levando minhas filhas ao médico particular que
sempre levei devido ao plano de saúde, e elas ainda continuaram estudando no
mesmo colégio onde o diretor havia negado a bolsa, e agora com bolsa de estudos
integral do governo, nesta ocasião tomamos conhecimento da atenção de Deus para
conosco, Deus restituiu minha dignidade.
Decidimos então procurar uma igreja onde nos
aproximaríamos de Deus; assistíamos a todos os programas de igrejas na
televisão, mas nenhuma nos chamava atenção a ponto de irmos até elas.
Um dia estava dormindo e
a minha esposa me acordou entusiasmada me dizendo que uma amiga de
adolescência, que não via a muito tempo havia passado em frente de casa e
haviam conversado, ela se convertera ao evangelho, e nos convidou para visitar a
igreja que frequentava - Igreja Batista Monte Sião - que fica próxima a nossa
casa. Nós então marcamos nossa ida a igreja para o dia três de dezembro de mil
novecentos e noventa e cinco, já que era o próximo dia de minha folga, neste
emprego eu trabalhava à noite e folgava à cada quinto domingo.
No dia combinado a amiga da minha esposa foi nos
buscar em casa, e nós fomos meio que escondidos da família, já que morávamos no
mesmo quintal, chegando lá fomos muito bem recebidos, havia algo muito gostoso
naquele lugar e naquelas pessoas, no momento em que o Pastor fez o apelo após a
pregação, eu mais que ligeiro levantei a minha mão dizendo sim para o convite de aceitar Jesus como meu Senhor e Salvador, a minha
esposa me acompanhou, a minha filha mais velha também, e assim a partir daquele
dia não mais deixamos de estar na igreja, no dia nove de junho de mil
novecentos e noventa e seis, nos batizamos e nos tornamos membros efetivos
desta igreja, ali temos participado de vários trabalhos pelos mais variados
ministérios e departamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário